O caminho até aqui não foi o mais fácil nem o mais óbvio.
Tenho que ser honesto e aceitar que na minha adolescência não era muito bom quando se tratava de estudar. Eu não era mau, gostei da escola mas nunca foi a minha paixão. Sendo um miúdo vindo de um meio rural, estava mais tempo ao ar livre do que a estudar. Depressa encontrei minha primeira paixão — a bicicleta de montanha — à qual me entreguei. Os meus pais apoiaram-me totalmente e levaram-me a fazer competição. Muito treino e menos estudo do que o devido e falhei o 12º ano, perdendo a oportunidade de fazer os meus estudos universitários com meus amigos. Depois deste desaire fiz tudo para tentar no ano seguinte consegui encontrar a motivação que me faltava e acabei esse ano com excelentes classificações.
Os anos na universidade foram ótimos, consegui terminar cursos de engenharia de Gestão Industrial em Lisboa e Aveiro e um mestrado em negócios internacionais e tecnologia, na Finlândia.
Foi o ponto de partida da minha experiência e carreira internacional. Fui à Finlândia para estudar, encontrei o primeiro emprego numa grande empresa que me deu a oportunidade de crescer e aprender muito. Deram-me tantas oportunidades que serei eternamente agradecido. Comecei a viajar, desenvolvendo-me no setor das energias renováveis. Pouco tempo depois, mudei-me para Espanha e, ainda antes dos 30 anos, tive o meu primeiro cartão de apresentação que dizia “Diretor de vendas” — um ponto alto da minha carreira. Esta foi uma época em que viajava por todo o mundo, participando de projetos incríveis. Financeiramente estava bastante seguro, porém comecei a pagar o preço com a saúde, com a falta de tempo para hobbies e amigos. Com tanta viagem passava mais de metade do ano fora de casa.
No meio de tudo isto, há 9 anos comecei a fazer os primeiros investimentos em ações. O meu interesse era começar a tentar ganhar algum dinheiro extra. Como é lógico, eu não sabia nada sobre o que estava a fazer. Por essa altura eu costumava ir ao meu banco e pedir fundos e ações para investir, que escolhia pelas recomendações do funcionário do banco. Consegue adivinhar os resultados disso? Sim, praticamente não ganhei nada.
Em 2014, ouvi falar sobre trading, que poderíamos trabalhar poucas horas por dia e ter uma vida boa — e isso imediatamente chamou-me a atenção. Adorei a ideia de trabalhar menos horas e poder ter tempo livre. Então, procurei na internet como aprender sobre trading, encontrei um livro de um trader espanhol e comecei a ler. No final, gostei do que li, entendi os conceitos e queria mais. Depois de alguma reflexão, dei o passo corajoso de me inscrever no meu primeiro curso de trading, um curso de principiantes de um dia. Eu achei muito interessante e a teoria fazia-me muito sentido! Eu conseguia entender isto do trading com facilidade. Foi também a primeira vez que fui apresentado ao conceito de psicotrading por Salva Fernandez — que mais tarde se tornou no meu coach pessoal e também no coach da Steer. Saí de lá confiante de que poderia fazer isto e, talvez, tornar-me um trader.
Depois de uma noite de sono, voltei a pisar o chão e tive dúvidas sobre se o trading seria assim tão fácil e se seria possível viver do trading. No entanto, decidi avançar com força no estudo do trading e decidi levá-lo como mais uma carreira universitária. A minha ideia era: se eu tive que estudar tantos anos e investir tanto tempo e esforço para ser bem sucedido no meu trabalho, deveria fazer o mesmo para ser trader. Como conclusão, inscrevi-me no curso completo do trader que me tinha formado anteriormente, um curso completo de três dias que me levaria a outro nível de conhecimento.
Então foi o que fiz, saí de lá cheio de adrenalina, animado e queria fazer dinheiro imediatamente! Segundo o mentor deveríamos passar pelo menos 6 meses em simulação e levar isso muito a sério, mas estava entusiasmado, precipitei-me e entrei no trading real demasiado cedo. O resultado foi o previsível — o mercado pôs-me no meu lugar e perdi dinheiro. Foi a primeira grande lição dos mercados. De qualquer forma, de alguma maneira, continuei a insistir. Ler, aprender, experimentar e aplicar a regra de que “às vezes ganha-se, às vezes aprende-se”. Ao longo do ano e meio seguinte, li mais de 50 livros, fiz mais 2 cursos de trading, perdi mais dinheiro no processo, mas, de alguma forma, nunca senti vontade de desistir. Dei o meu melhor e comecei a encontrar o meu lugar no trading. Comecei a afastar-me do estilo de trading do meu mentor inicial e encontrei um estilo com o qual me sentia confortável.
Rapidamente percebi que, ao fazer trading, estudar e aprender é onde é preciso investir tempo.
Mais ou menos na mesma época, liguei para Salva Fernandez para convidá-lo para ser meu coach pessoal e trabalhar lado a lado comigo. Lentamente, o trading tornou-se natural e relaxado. Comecei a aceitar os resultados e a assumir a responsabilidade tanto os bons como os maus resultados. Quando isso aconteceu, percebi que estava a ficar muito mais consistente e compreendi que, o tempo investido no trading não estava nas horas de gráficos, mas em estudar e tentar superar-me com melhores resultados, mas de forma prudente.
Durante os meses seguintes e levei este trabalho muito a sério e penso que posso dizer que encontrei o meu lugar no trading. Com esta combinação de fatores, estava no caminho certo para o sucesso, contanto que pudesse manter as minhas expectativas realistas,
aceitando que, nesta área existem sempre altos e baixos. Tive muitas vitórias empolgantes e derrotas deprimentes, mas consegui manter o rumo e dar o passo de me dedicar por completo aos mercados financeiros, que me permitiram encontrar a minha liberdade!
Concluindo senti, no final de 2018, que já estava há 11 anos fora de Portugal e que era hora de voltar e finalizar o processo de encontrar o meu eu interior. Ao voltar, procurei por conferências de trading, grupos, escolas e/ou pessoas com as quais pudesse continuar a desenvolver-me e, para minha surpresa, não encontrei nada. Enquanto na Espanha, EUA, Alemanha, Austrália, etc. podemos encontrar dezenas de escolas de trading com uma simples pesquisa na internet, em Portugal não havia nenhuma. Pensei que era uma enorme falha e que as pessoas estavam a ser privadas de poder ter educação financeira. Foi assim que, com grande apoio da minha família e amigos, decidi fundar a Steer e ajudar as pessoas a encontrar também a sua liberdade — tempo livre e mais liberdade financeira.
Operar mercados financeiros é uma ferramenta acessível a todos e sinto que todos devemos usá-lo para nosso benefício. Se alguém quer viver do trading ou apenas quer aumentar lucros da sua conta poupança, deve ser capaz de fazê-lo por conta própria, independentemente da sua formação ou estudos, tal como eu, que também não fui para a universidade para ser trader ou fui preparado toda a minha vida para sê-lo.
Eu sei que, para alguém se tornar trader, só tem que querer e investir a sua energia, tempo e dinheiro para o aprender e dominar, assim como em qualquer outra profissão ou hobby.